Eu, o processo e a Vakinha
Posted by Cláudia on 29 Dec 2009 at 10:41 am | Tagged as: Uncategorized
Quando recebi a intimação do processo movido pelo médico contra mim, fiquei apavorada. Excluí o post e, no dia seguinte, quando descobri que também estava sendo processada criminalmente, tirei o blog todo do ar.
Tive crises de depressão gravíssimas e fui parar no hospital. Parei de trabalhar por cerca de um mês. Voltei a tomar antidepressivos, coisa que não fazia havia mais de cinco anos.
De lá para cá, as coisas vêm melhorando aos poucos, mas a mera existência do processo sempre me causava pânico. Praticamente parei de blogar. Senti minha liberdade de expressão tolhida e castrada. Tinha medo de escrever sobre qualquer assunto.
No início deste mês, recebi a notícia de que seria intimada a pagar a indenização no valor de R$ 2.940,00 em 48h, sob pena de penhora online. Comecei a ver com a minha advogada como eu poderia proteger alguns bens essenciais ao meu trabalho (o computador, principalmente). Descobri que existe uma lei que protege os “bens de família”, o que me aliviou um pouco. Ainda desesperada e apavorada, comecei a pensar no que eu poderia vender, leiloar, rifar etc. para arrecadar o valor da indenização e desabafei com meus amigos no Twitter.
Foi aí que tudo começou a se transformar. E aqui preciso fazer um adendo. Preciso explicar que minha vida simplesmente mudou desde que conheci algumas pessoas no Twitter Oculto do ano passado e, a partir daí, passei a usar mais o Twitter como forma de manter contato com essas pessoas. Fiz amigos que jamais teria a oportunidade de conhecer, quanto mais de me aproximar e firmar laços tão fortes.
Eu, que sempre fui a rainha da timidez, da instrospeção e da vergonha própria, me vi organizando um evento como o Luluzinha Camp RJ e ajudando na organização do Twestival RJ. E falando ao microfone e tudo! Vocês não têm ideia de como isso representa um progresso gigantesco para quem tinha vergonha até de cumprimentar as pessoas conhecidas.
Enfim, voltando à história do processo. Meus amigos “virtuais” (não acredito nessa separação, mas acho importante enfatizar que conheci e fiz amizade com os dois online) Simone Villas-Boas (@s1mone) e Leandro Bravo (@lebravo) tiveram a ideia de criar uma Vakinha online para me ajudar a pagar a indenização. Aceitei porque eu realmente não sabia como ia fazer para pagar os R$ 2.940,00 ao médico. Aceitei achando que conseguiria arrecadar, no máximo, uns mil reais e, depois, daria algum jeito para conseguir o que restasse.
No mesmo dia, a Vakinha online atingiu 100% (hoje o valor está menor porque alguns pagamentos não foram confirmados). Amigos e pessoas que eu não conhecia e que nunca haviam conversado comigo estavam ajudando financeiramente e/ou divulgando a mensagem online por vários meios (Twitter, blogs, e-mail, listas de discussão etc.).
Hoje, dia 29 de dezembro de 2009, estou aqui, sentada em frente ao meu computador, única e exclusivamente para agradecer a cada um que contribuiu de alguma forma para que eu conseguisse arrecadar a maior parte do valor da indenização. (Acabei de ver que a Vakinha já tem 84,76% do valor.)
Agradeço especialmente a você que:
é meu amig@ e contribuiu com qualquer quantia;
é meu amig@ e não pôde contribuir por algum motivo, mas divulgou a Vakinha;
é meu amig@ e não pôde contribuir nem divulgou, mas me apoiou e me deu seu carinho;
é meu amig@ e não contribuiu nem divulgou e acha tudo isto uma grande palhaçada, mas continua sendo meu amig@;
não é meu amig@ e contribuiu com qualquer quantia;
não é meu amig@ e não pôde contribuir por algum motivo, mas ajudou a divulgar a Vakinha;
não é meu amig@, mas levantou sua voz contra a repressão ao direito constitucional de liberdade de expressão;
nem me conhecia, mas contribuiu e/ou divulgou a Vakinha porque deseja defender a garantia ao direito constitucional de liberdade de expressão;
é jornalista e abriu a boca para divulgar o caso e se indignou (ou não) com a situação.
Queria poder nomear cada pessoa que contribuiu, divulgou e/ou me apoiou, mas tenho muito medo de esquecer alguém e ser injusta. Pensei em colocar aqui os links para todos os posts que mencionaram o caso e as mensagens de apoio recebidas, mas vocês não têm ideia da quantidade! Eu certamente me esqueceria de alguém e – repito – não quero ser injusta com ninguém.
Por isso, deixo apenas um beijo e todo o meu carinho a todos vocês que ajudaram de alguma forma. Eu JAMAIS serei capaz de agradecer como vocês merecem.
Claudinha, nos conhecemos no enterro do Gustavo Rocha (esta foi a parte chata) mas a parte boa é desde aquele dia simpatizei muito com você e com o seu marido.
fico feliz que tudo tenha dado certo. Infelizmente eu não pude ajudar na vaquinha mas divulguei loucamente no twitter, FB, blog, etc.
Acho um absurdo que em pleno século 21 ainda tenhamos este tipo de censura babaca.
mas uma coisa é certa.. se este médico se deu ao trabalho de te processar.. incomodado ele ficou.. tenho certeza que ele vai pensar 2 vezes antes de atender outra pessoa que nem atendeu você.
bom mesmo é ter amigos! fico feliz que você tenha vários que estejam dispostos a te ajudar.
um beijo grande,
Renata
Claudinha,
Você tem razão: através da net a gente cohece pessoas virtuais que são muito mais reais que as que se conhece no dia a dia.
Torci, orei, contribui, divulguei e , principalmente, me preocupei com sua saúde que espero esteja bem.
Não pare de blogar. A gente pode contar o milagre e não dizer o nome do santo, mas pode acionar Procon, Defesa do Consumidor, Entidades outras relacionadas , enfim.
Este episódio serviu para mostrar quem são seus amigos e fazer cair muitas máscaras, certo?
Um ano abençoado para ti e muita saúde, principalmente de coração e de alma, pois o remédio para estes males é o carinho de quem te ama.
beijo, menina
Que post mais lindo, Claudia. Isso me lembrou de todos os lindos laços de amizade que já fiz via web. Me lembrou daquele cara babaca q me chamou de doente e viciada em internet (aquele q eu ficava…rs) e me lembrou de quando lhe conheci, no Luluzinha…super calada, quase achei que vc era antipática, mas depois passou. Espero que com o tempo, vc não precise mais dos remédios, que os pagamentos que faltam se confirmem e que este médico aprenda a ser gente.
Beijocas
Claudinha, quando li através de um email sobre o que você passou fiquei assustada. Como você mesma disse no seu texto liberdade. Cadê?!
Enfim.
Não sabia da vaquinha, mas irei procurar. Estou ausente do twitter.
Você é daquelas pessoas que nunca vi, mas sempre amei.
Ainda não te conheço, mas não faltarão oportunidades.
Feliz 2010.
Beijos e beijas =**