Quando recebi a intimação do processo movido pelo médico contra mim, fiquei apavorada. Excluí o post e, no dia seguinte, quando descobri que também estava sendo processada criminalmente, tirei o blog todo do ar.

Tive crises de depressão gravíssimas e fui parar no hospital. Parei de trabalhar por cerca de um mês. Voltei a tomar antidepressivos, coisa que não fazia havia mais de cinco anos.

De lá para cá, as coisas vêm melhorando aos poucos, mas a mera existência do processo sempre me causava pânico. Praticamente parei de blogar. Senti minha liberdade de expressão tolhida e castrada. Tinha medo de escrever sobre qualquer assunto.

No início deste mês, recebi a notícia de que seria intimada a pagar a indenização no valor de R$ 2.940,00 em 48h, sob pena de penhora online. Comecei a ver com a minha advogada como eu poderia proteger alguns bens essenciais ao meu trabalho (o computador, principalmente). Descobri que existe uma lei que protege os “bens de família”, o que me aliviou um pouco. Ainda desesperada e apavorada, comecei a pensar no que eu poderia vender, leiloar, rifar etc. para arrecadar o valor da indenização e desabafei com meus amigos no Twitter.

Foi aí que tudo começou a se transformar. E aqui preciso fazer um adendo. Preciso explicar que minha vida simplesmente mudou desde que conheci algumas pessoas no Twitter Oculto do ano passado e, a partir daí, passei a usar mais o Twitter como forma de manter contato com essas pessoas. Fiz amigos que jamais teria a oportunidade de conhecer, quanto mais de me aproximar e firmar laços tão fortes.

Eu, que sempre fui a rainha da timidez, da instrospeção e da vergonha própria, me vi organizando um evento como o Luluzinha Camp RJ e ajudando na organização do Twestival RJ. E falando ao microfone e tudo! Vocês não têm ideia de como isso representa um progresso gigantesco para quem tinha vergonha até de cumprimentar as pessoas conhecidas.

Enfim, voltando à história do processo. Meus amigos “virtuais” (não acredito nessa separação, mas acho importante enfatizar que conheci e fiz amizade com os dois online) Simone Villas-Boas (@s1mone) e Leandro Bravo (@lebravo) tiveram a ideia de criar uma Vakinha online para me ajudar a pagar a indenização. Aceitei porque eu realmente não sabia como ia fazer para pagar os R$ 2.940,00 ao médico. Aceitei achando que conseguiria arrecadar, no máximo, uns mil reais e, depois, daria algum jeito para conseguir o que restasse.

No mesmo dia, a Vakinha online atingiu 100% (hoje o valor está menor porque alguns pagamentos não foram confirmados). Amigos e pessoas que eu não conhecia e que nunca haviam conversado comigo estavam ajudando financeiramente e/ou divulgando a mensagem online por vários meios (Twitter, blogs, e-mail, listas de discussão etc.).

Hoje, dia 29 de dezembro de 2009, estou aqui, sentada em frente ao meu computador, única e exclusivamente para agradecer a cada um que contribuiu de alguma forma para que eu conseguisse arrecadar a maior parte do valor da indenização. (Acabei de ver que a Vakinha já tem 84,76% do valor.)

Agradeço especialmente a você que:

é meu amig@ e contribuiu com qualquer quantia;

é meu amig@ e não pôde contribuir por algum motivo, mas divulgou a Vakinha;

é meu amig@ e não pôde contribuir nem divulgou, mas me apoiou e me deu seu carinho;

é meu amig@ e não contribuiu nem divulgou e acha tudo isto uma grande palhaçada, mas continua sendo meu amig@;

não é meu amig@ e contribuiu com qualquer quantia;

não é meu amig@ e não pôde contribuir por algum motivo, mas ajudou a divulgar a Vakinha;

não é meu amig@, mas levantou sua voz contra a repressão ao direito constitucional de liberdade de expressão;

nem me conhecia, mas contribuiu e/ou divulgou a Vakinha porque deseja defender a garantia ao direito constitucional de liberdade de expressão;

é jornalista e abriu a boca para divulgar o caso e se indignou (ou não) com a situação.

Queria poder nomear cada pessoa que contribuiu, divulgou e/ou me apoiou, mas tenho muito medo de esquecer alguém e ser injusta. Pensei em colocar aqui os links para todos os posts que mencionaram o caso e as mensagens de apoio recebidas, mas vocês não têm ideia da quantidade! Eu certamente me esqueceria de alguém e – repito – não quero ser injusta com ninguém.

Por isso, deixo apenas um beijo e todo o meu carinho a todos vocês que ajudaram de alguma forma. Eu JAMAIS serei capaz de agradecer como vocês merecem.

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