Minha mãe foi para SP com o objetivo de fazer uma cirurgia para extrair útero, ovários e vesícula. O ovário tem um cisto de 8cm X 6cm e a vesícula está repleta de pedras. Estava fazendo os exames pré-operatórios, mas hoje teve de ser internada de emergência porque a vesícula inflamou e ela está com icterícia.

Resultado: amanhã fará uma endoscopia para ver se a pedra na vesícula desobstrui o canal e melhora o quadro geral. Se isso não acontecer, ela vai retirar a vesícula e, depois, em uma segunda cirurgia, retirar o útero e o ovário.

O pior é que veio tudo de uma vez só, sem dó nem piedade. Agora à noite, parei um pouco para esfriar a cabeça vendo um filminho: Melhor é impossível. Minha identificação foi imediata com o momento do filme em que o vizinho do Melvin (Jack Nicholson) acabou de voltar do hospital todo arrebentado e diz: “É tanta coisa ao mesmo tempo que dói demais. A ponto de eu não ter vontade de reclamar.” (ou algo parecido)

É assim que estou me sentindo: com tantos problemas para resolver e com tantas preocupações que não tenho vontade de falar, de reclamar, de me abrir com alguém, de pedir ajuda. Minha analista sempre dizia que eu precisava aprender a pedir ajuda, a ser frágil. Mas a capa que construí à minha volta é tão resistente e tão à prova de tudo que tenho muito medo de deixá-la cair.

Ao mesmo tempo, me sinto muito frágil por dentro. Como se fosse desmoronar a qualquer momento. Espero estar errada…